Setembro Amarelo: cidades de fronteiras registram taxa de suicídio até cinco vezes mais alta que a média nacional

0
4687
O município de Chuí, no extremo sul do Rio Grande do Sul, tem taxa de suicídios de 31,19 para cada cem mil habitantes, cinco vezes mais alta que a média nacional, de 5,13 ocorrências. Paranhos, em Mato Grosso do Sul, registrou índice próximo, de 29,25 suicídios para cada cem mil, segundo os dados mais recentes disponibilizados pelo Ministério do Saúde, relativos à 2016.
    O ponto em comum entre as duas cidades, distantes geograficamente, é o fato de estarem situadas nas regiões de fronteiras e serem cidades gêmeas. Os altos índices de suicídio refletem uma realidade que se repete em outras regiões de mesmas características, conforme aponta o Diagnóstico do Desenvolvimento das Cidades Gêmeas do Brasil, um levantamento das áreas de fronteira divulgado pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (IDESF).
    O estudo do IDESF foi realizado a partir dos indicadores oficiais mais recentes e traz uma radiografia das regiões limítrofes com os países vizinhos a partir das 32 cidades gêmeas reconhecidas pelo Ministério da Integração Nacional. Segundo definição, cidades gêmeas são aquelas situadas na linha de fronteira, seca ou fluvial, integrados ou não por obras de infraestrutura, os quais apresentam grande potencial de integração econômica e cultural.
    No mês da campanha nacional de prevenção ao suicídio, o Setembro Amarelo, o estudo do IDESF indica que as regiões fronteiriças, já caracterizadas por descaminhos, como contrabando, e pela falta de estrutura econômica e social, demonstram mais essa fragilidade. Outros exemplos da elevada taxa de suicídio nessas áreas são os municípios fronteiriços de Aceguá (RS) e Bela Vista (MS), com incidência extremamente alta, de 21,14 e 20,64, respectivamente. Santo Antônio do Sudoeste (PR) também tem indicador preocupante de ocorrências onde as pessoas tiram a própria vida, com 19,94 casos para cada cem mil moradores.
     O estudo faz uma análise dos quatro eixos de desenvolvimento – educação, saúde, economia e segurança pública – e demonstrou que a realidade nessas regiões é bem mais dura do que a média nacional. “São regiões carentes de infraestrutura e que oferecem menos perspectivas aos seus moradores”, avalia o presidente do IDESF, Luciano Stremel Barros.
    O trabalho foi enviado para todos os candidatos à presidência da República. “Esperamos que o trabalho ajude lideranças e poder público a proporem alternativas concretas de desenvolvimento para essas regiões”, define Barros. O relatório completo do Diagnóstico do Desenvolvimento das Cidades Gêmeas do Brasil pode ser acessado clicando aqui.
    Sobre o IDESF – O IDESF é uma instituição sem fins lucrativos, com sede em Foz do Iguaçu (PR), fundada com objetivo de criar mecanismos para promoção da igualdade e da integração entre as regiões de fronteira, para o fortalecimento das relações políticas, sociais e econômicas e para o combate aos problemas próprios destas regiões, por meio de estudos, ações e projetos e através de parcerias públicas e privadas.
    Sobre o Setembro Amarelo: é uma campanha nacional de prevenção ao suicídio, iniciada em 2015. É uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria.

DEIXE UMA RESPOSTA

Digite seu comentário
Digite seu nome