Apreensões resultantes do mercado ilegal de vinhos já somam R$ 6 milhões somente na fronteira de Dionísio Cerqueira. No Brasil, a soma já passa de R$ 20 milhões
A Receita Federal e a Administración Federal de Ingresos Públicos (Afip), órgão responsável pelo controle aduaneiro na Argentina, deflagraram na manhã de hoje a segunda edição da Operação Dionísio, uma ação integrada para o combate ao comércio ilegal de vinhos na região da fronteira com a Argentina, nos estados do Paraná e Santa Catarina. O objetivo é combater a concorrência desleal, beneficiando os produtores, transportadores e revendedores da bebida dos dois países que agem dentro da legalidade.
Segundo Luciano Stremel Barros, Presidente do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (IDESF), “É um mercado que merece atenção pois movimenta R$ 2 bilhões e evasão fiscal de R$ 1 bilhão em impostos, e tem capilaridade em todo território brasileiro. Sem contar toda a violência envolvida”.
A ação contou com a participação de diversos outros órgãos de segurança, como Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Polícias Militares do Paraná e de Santa Catarina, além da Polícia Civil de Santa Catarina.
O Delegado da Receita Federal em Dionísio Cerqueira, Mark Tollemache, destacou a integração entre as forças policiais. “A Operação Dionísio 2, mais uma vez, representa uma ação cooperada entre RF, forças policiais e autoridades argentinas no combate ao crime”. A seguir, entrevista com o Chefe da Divisão de Repressão ao Contrabando e Descaminho da Receita Federal no PR e SC, Auditor-fiscal Tsuyoshi Ueda.
Aumento na quantidade de apreensões
A apreensão de vinhos na região de fronteira com a Argentina tem crescido ao longo dos últimos anos. Em 2018, foram apreendidas cerca de 45 mil garrafas de vinho no Brasil. Em 2021, este número saltou para cerca de 595 mil garrafas, cujo valor estimado é de R$ 90 milhões. Deste total, cerca de 27 mil garrafas foram apreendidas durante a primeira edição da Operação Dionísio, realizada em março do ano passado. Em 2022, a nível nacional, já são mais de 140 mil garrafas apreendidas, que somam um valor estimado de R$ 20 milhões. Alguns rótulos apreendidos tem valor de revenda no varejo próximo a R$ 2 mil.
A Receita Federal selecionou os alvos baseada em dados coletados durante a primeira edição da Operação Dionísio e em investigações realizadas ao longo dos últimos meses, que permitiram a localização de depósitos, transportadoras e lojas que infringiam a lei em suas atividades. No lado argentino, a Afip realizou fiscalizações junto aos revendedores de vinhos e depósitos para conferir a regularidade dos produtos a serem exportados, utilizando até mesmo um laboratório móvel para conferir a legitimidade das bebidas.
O combate à entrada de vinhos de maneira ilegal no país busca proteger a indústria nacional e combater a concorrência desleal, uma vez que comerciantes que realizam a importação legal das bebidas não conseguem manter a competitividade frente aos sonegadores e acabam fechando as portas, aumentando o desemprego. Cabe destacar que a atuação integrada de autoridades brasileiras e argentinas visa desarticular a atuação de organizações criminosas no setor, reduzindo a violência na fronteira entre os dois países.
*Com informações da Receita Federal do Brasil
Fotos e vídeos: Receita Federal do Brasil.
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