A Polícia Federal, em ações conjuntas com a Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) do Paraguai contra o tráfico de drogas, tem atuado sob a estratégia de erradicar plantações de maconha no país vizinho a partir do mapeamento realizado via satélite, drones e ferramentas de georreferenciamento, além de vigilâncias.
Há poucos dias foi concluída a 30ª fase da Operação Nova Aliança, e, em apenas 10 dias, foram tiradas de circulação 748 toneladas de maconha, o equivalente à erradicação de 246 hectares de plantações de Cannabis produzidas em território paraguaio, principalmente na região de Amambai, norte do Paraguai. Além dos plantios ilegais, 10.283 quilos da droga já pronta para venda e 81 acampamentos, utilizados como apoio dos criminosos, também foram destruídos. Esta foi a segunda etapa da Operação Nova Aliança neste ano. Na primeira, realizada no fim de fevereiro, mais de 850 toneladas de maconha foram erradicadas – totalizando mais de 1.600 toneladas, até o momento. Ainda estão previstas mais quatro fases da ação, entre Brasil e Paraguai, em 2022.
A cooperação internacional com a Polícia Federal brasileira faz parte da estratégia do Paraguai no combate ao crime organizado para erradicar a produção de plantios de maconha. O intuito é atacar o plantio da droga antes que ela chegue ao mercado brasileiro. Isso porque cerca de 90% das drogas plantadas no Paraguai são destinadas ao Brasil.
Luciano Stremel Barros, Presidente do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (IDESF), destacou que essas operações realizadas junto ao Paraguai são exemplos mundiais de cooperação e integração entre países. “É importante seguir com o aprimoramento destes mecanismos de cooperação e reforçar processos de integração, o que requer homogeneização das infraestruturas e das agências. Assim, os procedimentos, desde a investigação conjunta, operações policiais e sistema prisional dos países ficarão mais estruturados”.
Além dos policiais, peritos também passaram a fazer parte das operações para fazer análises das plantações destruídas com o intuito de verificar a estimativa de produção e as principais espécies utilizadas pelos criminosos.
Segundo o último relatório do escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), divulgado em junho de 2021, foram apreendidos no mundo aproximadamente 7 mil toneladas de maconha em mais de um milhão de ações policiais. Sendo assim, somente as ações de erradicação da Operação Nova Aliança 2021 representam mais de 77% deste total.
Histórico – Erradicação das plantações de Cannabis em anos anteriores
O gráfico mostra a evolução na quantidade de plantas erradicadas. No ano passado, a Operação Nova Aliança erradicou 5.401 toneladas de pés de maconha – um recorde em relação aos anos anteriores. Em 2020, 1.190 toneladas foram destruídas; e em 2019, 3.430 toneladas. Abaixo estão os dados desde 2010.
O IDESF já publicou
Em janeiro deste ano, o IDESF publicou uma matéria e um podcast sobre estas operações. O entrevistado foi o Delegado de Polícia Federal, Marcos Paulo Pimentel, que falou sobre os aspectos de cooperação internacional ligados ao enfrentamento do tráfico de drogas e as operações de erradicação das plantações de maconha como estratégia para a redução da oferta da droga no Brasil. Ele ainda explicou que ao longo do tempo tem ocorrido um aprimoramento nas técnicas de cultivo da maconha, em termos de produtividade e menor tempo e o ciclo médio, entre plantio e colheita, dura cerca de 3 a 4 meses.
De acordo com estudos realizados pela área técnica da Polícia Federal, cada pé de Cannabis sativa da região produz, em média, 300 gramas de maconha (BRASIL, 2008). O beneficiamento da planta acontece nos acampamentos, ainda no campo. “Primeiro, porque para o traficante ficará mais fácil e terá menor custo o transporte da droga já compactada. Também é mais fácil de esconder e há menos risco de perda. Ela já sai dali pronta, embalada, até porque grande parte dessa maconha é atravessada pelo rio e lagos”, explicou Marcos, que também publicou um artigo sobre o tema.
Para ouvir o podcast produzido pelo IDESF com a entrevista do Delegado, clique aqui.
*Com informações da Polícia Federal.