IDESF apresenta resultado de estudos em fórum trinacional sobre violências

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O que podemos pensar de prioritário em termos de desenvolvimento para mudar a realidade da tríplice fronteira? O questionamento deu o rumo do debate durante o minicurso “O impacto econômico da violência na região trinacional”, um dos sete realizados no I Fórum Trinacional sobre Violências, que aconteceu nos dias 03 e 04 de outubro, no Hotel Recanto Cataratas.

O evento teve participação de autoridades de vários segmentos do Brasil, Argentina e Paraguai tendo como pano de fundo abordagens de prevenção à violência. Do minicurso sobre o impacto econômico participaram o presidente do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (IDESF), Luciano Barros, e a coordenadora geral do Mecanismo Nacional de Prevención de la Tortura (Paraguai), Maria Victoria Heikel.

Em sua apresentação, Barros destacou dados da educação nas regiões fronteiriças em relação às médias nacionais. Os dados foram publicados e analisados no estudo ‘O desenvolvimento das cidades gêmeas do Brasil’ e demonstram que essas regiões têm índices de abandono escolar mais elevados, em especial, no ensino médio. “É nessa faixa etária que os adolescentes são atraídos para atuar nos mercados ilícitos”, relacionou.

Violência contra a Mulher – Maria Victória apresentou resultados da pesquisa ‘Los costos de la violência contra las mujeres em Paraguai”, destacando que, apesar de ser juridicamente crime em todos os países do Mercosul, esse gênero de agressão persiste na região. “É uma violência que atenta contra todos os modelos de desenvolvimento”, afirmou. Um dos fatores é a ocorrência em ambiente doméstico, onde, muitas vezes, o Estado não pode intervir. Como consequência, essa violência se torna um padrão cultural.

A dirigente destacou que o estudo mediu os custos porque, tanto para a sociedade como para o poder público, o prejuízo material ainda tem mais apelo do que o prejuízo moral da violência contra a mulher. A pesquisa foi realizada entre vítimas e agressores e constatou que a violência afastou, em média, 35,7 dias as mulheres pesquisadas do ambiente de trabalho dentro de um ano, seja por ausência física, seja pelo que denominou ‘ausentismo’, ou seja, o efeito psicológico da agressão sobre a capacidade de trabalho feminina.

Segundo a pesquisa, a agressão dos homens contra as mulheres significa um custo de 2,39% no PIB do país, o equivalente a US$ 734,8 milhões anuais. Segundo Maria Victória, a tipificação de violência esteja muito atrelada à materialização. “Para os homens, só será violência se tiver um rastro físico”, lamentou.

Os minicursos realizados durante o I Fórum Trinacional sobre Violências apresentaram estratégias para o enfrentamento e a prevenção da violência na região transfronteiriça, considerando dados demográficos, socioeconômicos, culturais, familiares, educacionais e comportamentais. Foram abordadas as violências no trânsito, na escola, suicídio, contra a mulher e tráfico de pessoas.

Os resultados vão subsidiar a elaboração de ações e de políticas públicas e serão publicados posteriormente. O Fórum é iniciativa do Grupo de Trabalho (GT) para a Integração das Ações da Saúde, constituído pela Itaipu Binacional como projeto de extensão da Unioeste.

Sobre o IDESF – O IDESF é uma instituição sem fins lucrativos, com sede em Foz do Iguaçu (PR), fundada com objetivo de criar mecanismos para promoção da igualdade e da integração entre as regiões de fronteira, para o fortalecimento das relações políticas, sociais e econômicas e para o combate aos problemas próprios destas regiões, por meio de estudos, ações e projetos e através de parcerias públicas e privadas.

Rosane Amadori – Assessoria de Comunicação IDESF – comunicacao@idesf.org.br

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